The Lord of the Rings: War in the North - Análise
A desconhecida irmandade do norte.
O mundo de O Senhor dos Anéis de JRR Tolkien é um autêntico pilar da fantasia. Tem servido de inspiração para vários criativos desde os anos 60, muito antes da sua adaptação para o cinema. No entanto, algo mudou desde a exibição das películas nas salas pelo mundo fora. A história de um tempo/espaço imaginários na terceira era da terra média, passava agora a ser mundialmente conhecido (mainstream). De repente, toda a gente sabia quem era Frodo Baggins, e reconhecia a importância da sua missão, que como sabem, passava por devolver o anel (one ring) ao monte Doom, em Mordor onde tinha sido criado.
O Senhor dos Anéis é por si só uma licença de respeito. O problema é que nós como jogadores sabemos perfeitamente que uma licença de peso não significa um bom jogo, aliás, raramente o faz. Mesmo com isto em mente, existiam vários motivos para ter uma expectativa razoável para War in the North. Ora vejamos, é o primeiro jogo da série classificado com "mature rating", isto significa um retrato mais fiel do universo de Senhor dos Anéis, nomeadamente nos combates, com membros a voar e muito sangue à mistura. Depois foi desenvolvido pela Snowblind Studios, um estúdio que goza de uma herança respeitável nos jogos de ação, com títulos célebres como Baldur´s Gate: Dark Alliance ou Champions of Norrath.
Mas o motivo principal da minha espectativa tinha ver com algo mais concreto, tinha a ver com a direção narrativa escolhida para War in the North. Já escrevi aqui na Eurogamer sobre os problemas com os jogos constrangidos pela narrativa de um determinado filme, e de como acabam por se tornar apenas uma extensão de um produto (o filme), em vez de uma obra interativa única "per se". Como sabem, os títulos anteriores da série O Senhor dos Anéis, também eram essencialmente baseados nos três filmes. Sim os eventos em War in the North ocorrem em paralelo com os acontecimentos dos filmes, mas a narrativa tem uma base independente, bebendo inspiração de todo o universo de Tolkien representado nos seus livros.
Mais concretamente estes eventos representam o que sucedeu a norte da terra média, onde os exércitos de Sauron comandados pelo tenente chefe Agandaur, procuravam também uma invasão. A importância das nossas ações é clara, se nos lembrarmos que o sucesso de Frodo e da irmandade não teria sido possível, se os heróis do norte (nós) não conseguissem impedir a invasão de Agandaur. Os heróis que tão bem conhecemos dos filmes teriam sido flanqueados pelos exércitos malignos do norte, e o anel nunca teria chegado a Mordor.
Para combater estas forças malignas, dispomos da nossa própria irmandade, muito semelhante à que conhecemos dos filmes. Um conjunto de três personagens distintas para escolher, um humano (Dúnedain), elfo (Elf) e finalmente um Anão (Dwarf). Temos que escolher um deles para controlar, mas a aventura desenrola-se obrigatoriamente com os três. O jogo foi desenhado para ser jogado em co-op, mas também é possível jogar sozinho, com os dois membros restantes da irmandade controlados pela IA. A ação desenrola-se na terceira pessoa, num estilo "hack-and-slash", com algumas habilidades cooperativas para utilizar nos companheiros.
As três personagens não estão estruturadas como "classes" propriamente ditas, mas podemos especializá-las em certo tipo de armas e tarefas. O humano por exemplo é especialista em usar duas espadas, enquanto o anão é o mestre do combate com um machado de duas mãos, e no geral mais resistente. A efl é mais virada para a magia, tanto ofensiva como defensiva, com escudos mágicos e curas muito úteis durante as batalhas. Apesar destas direções, a árvore de talentos permite alguma flexibilidade, podemos equipar uma espada na Elf, ou gastar pontos em armas de duas mãos com o humano, pena este sistema de talentos ser demasiado semelhante nas três personagens, e ter apenas quatro "tiers" dentro de três categorias, muito pouco para ter verdadeira importância.