Too Human
Deuses nórdicos versão ficção científica.
Too Human é um jogo cujo interesse à sua volta, em grande parte devido ao longo período de desenvolvimento, se tornou um incómodo para si mesmo e o seu ponto maior de referência ao invés de o ser pelas suas qualidades. Demorou mas finalmente chegou e mesmo que não seja um expoente máximo de referência, certamente irá tornar-se num jogo capaz de atrair todos os que forem adeptos dos atributos que fazem de Too Human um jogo a ter em conta.
Too Human leva-nos até um mundo onde os deuses nórdicos não são propriamente aqueles aos quais estamos habituados. Mesmo que de uma forma inteligente associe as suas alterações a uma certa fidelidade para com a dita mitologia, Too Human coloca-nos num futuro no qual os deuses usam implantes cibernéticos para melhorarem os seus atributos.
Baldur é o protagonista, um deus que vê o seu passado rodeado de mistérios que irá desvendar no decorrer da sua jornada. Uma luta entre deuses está prestes a começar, o destino da terra está em jogo e nós estamos no centro dos acontecimentos. Too Human poder ser descrito como uma espécie de conto de contornos cibernéticos com ambições de tom épico.
Se tal como eu passaram algum tempo com a demo, então habituarem-se ao esquema de Too Human não irá demorar muito mas se não for esse o vosso caso, devem ter em consideração uma das mais importantes coisas neste jogo, a camera não é controlável. Isto é um dos aspectos que mais define o jogo, e o restringe para muitos, e quanto mais cedo se habituarem a isto, mais rápido começam a tirar proveito do jogo.
Antes de mais, devo dizer que Too Human é um jogo que me deixou completamente desanimado. Isto porque facilmente notamos que existe qualidade e existe trabalho cujo mérito deve ser reconhecido à Silicon Knights, no entanto somos confrontados com igual medida de opções e aspectos mal concebidos, e até implementados, que nos deixam a pensar como este jogo poderia ter sido. Quanto mais o gosto vai aumentando, maior vai sendo a noção de que poderia ser ainda muito mais.
Como prova disso temos o visual de Too Human. Mesmo com a camera não controlável, somos brindados com planos de camera sobre locais enormes e com grande tom épico, no entanto nunca conseguem realmente ascender a um patamar superior de qualidade por culpa do próprio motor de jogo que os criou. O escadeamento existe, mais forte em algumas secções, e é frequente ver texturas fracas em algumas partes dos cenários.
Para tornar tudo ainda um pouco mais ingrato, temos que referir de novo a camera e o seu desempenho durante os combates. Por muito empenho que tenham tido em criar uma camera que pudesse ser positiva face à decisão tomada, a verdade é que tal não acontece e como se o facto de não ser controlável não fosse suficiente, é frequente a camera dar-nos planos completamente despropositados, deixando-nos completamente fora da acção.
O certo é que não consegui deixar de gostar de Too Human e se conseguirem ultrapassar os problemas referidos e depois de algumas confusão inicial que possa eventualmente surgir, vão ficar perante um jogo repleto de pontos positivos para contra balançar.