Tour De France 2013 - Análise
A prova rainha do ciclismo regressa depois do escândalo.
Já escrevi anteriormente que o ciclismo deveria ser um dos desportos mais bem pagos do planeta. Vista como uma modalidade de heróis, atletas capazes de suportar o cansaço como nenhum outro e de levar aos limites o esforço humano. Mesmo que não percebêssemos exatamente as especificidades técnicas e táticas das competições, era impossível não ficar cansado apenas vendo algum dos Grand Tours por exemplo.
Esta imagem do esforço levado ao limite, aliado à ideia de superação, foi utilizada pelos responsáveis da modalidade e pelas marcas e patrocinadores associados a este desporto como uma espécie de "capa", como se representasse o desporto em estado puro. Lance Armstrong era o seu estandarte, o ex 7 vezes vencedor da volta a França, que por curiosidade fora capaz de também vencer um cancro servia de exemplo maior.
Quando o recente escândalo de doping estourou e Armstrong viu todas as suas conquistas transformadas numa mentira, não foi apenas um desportista que desapareceu, os próprios pilares que sustentam a modalidade foram postos em causa. É impossível perceber exatamente o impacto que isto teve, principalmente depois das declarações do próprio dizendo ser impossível vencer a prova sem utilizar substâncias dopantes, o futuro é incerto, mas se existe competição capaz de nos fazer esquecer tudo o que aconteceu, é o Tour.
A prova Francesa é deveras impressionante, são mais de 3000 quilómetros de estrada, três semanas a pedalar, com etapas de montanha nos Pirenéus a 1800m de altitude, ou nos Alpes a 2645m, é de loucos. Neste momento decorre a volta deste ano, onde se espera que o desporto limpe um pouco a má imagem deixada pelos últimos acontecimentos, e como quase sempre, os videojogos entram também na equação e procuram fazer a sua parte chamando pelos fãs.
Le Tour de France 2013 procura ser fiel às características da modalidade, mas ao mesmo tempo permitir que uma pessoa comum seja capaz de escolher um corredor e enfrentar imediatamente a estrada sem qualquer ideia da diferença entre um contrarelogista, um sprinter, ou um trepador. Claro que o mais provável é esgotarem todas as forças antes do último terço da etapa se a abordarem como uma corrida comum, mas mesmo assim, é possível saltar para a competição apenas com a informação básica.
Estranho não oferecer um tutorial, não porque as mecânicas sejam difíceis, porque não são, mas porque sem a equipa e a poupança de esforço, nunca vão ganhar uma etapa da volta a França. Continua um jogo para um público muito limitado, mais do que isso diria, se pensarmos que se destina aos adeptos da modalidade que por acaso sejam também "gamers".
A questão é que o ciclismo é uma modalidade complicada de transpor para um videojogo, principalmente porque em termos de execução tem pouco a oferecer, quer dizer, como é que se transforma o esforço em entretenimento de uma forma credível? É por isso que um simulador de treinador de uma equipa de ciclismo (como o Pro Cycling Manager) funciona muito melhor, pelo menos para o tal nicho de que falava. Para um jogador comum que procura o prazer de pedalar enquanto aprende mais sobre o ciclismo, talvez este não seja o meio mais adequado.
Inicialmente podemos escolher qualquer equipa, e consequentemente qualquer corredor nessa equipa, nem todos os atletas estão fielmente retratados, mas felizmente temos o nosso Português Rui Alberto Costa na equipa Movistar, completamente oficiais. É possível escolher qualquer uma das etapas, e é inclusive aconselhado gravar a meio de cada etapa se considerarmos que podemos demorar mais de uma hora apenas para percorrer os 200km normais de cada uma.