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WRC 2 World Rally Championship - Análise

No quintal de Loeb.

Para a temporada de 2012 a FIA introduziu significativas mudanças ao nível dos construtores do WRC. Carros diferentes com novos motores e um regulamento sujeito à livre interpretação das marcas assíduas e vitoriosas na categoria rainha dos ralis como a Citroen e Ford, agora com a Mini como novo contendor, onde aliás milita Armindo Araújo, com todo o apoio da marca, ainda que a título privado. A verdade é que apesar das transformações, estas não foram suficientes para gerar uma alteração no rumo dos habituais predadores de títulos, ou melhor, o único papa taças da última década. Sebastian Loeb, o gaulês da Citroen, prepara-se para revalidar o cetro e somar a oitava conquista na categoria. Orgulho.

Por isso já não é nesta altura novidade para ninguém que WRC FIA World Rally Championship seja o jogo oficial da prova que permite a qualquer pessoa ficar com a ideia do que é percorrer um périplo mundial em viaturas que mais se aproximam do dia-a-dia. Isso por fora, porque dentro da chapa a cantiga é outra. Os pisos variam entre terra, lama, asfalto e a neve da Suécia. É um serviço "prime" para quem quer curvar mais depressa em zonas perigosas e sequências revestidas de armadilhas. A ajuda emprestada pelo co-piloto é essencial, toldada apenas pela velocidade da máquina que, ocasionalmente, nos faz esquecer a lógica da navegação e dirigir curva a curva.

Até aqui tudo certo. O que alguns de vós estarão a indagar é o que trouxe de novo a Blackbean para a sequela? O jogo do ano passado colmatou um hiato de alguns anos da modalidade dentro das lides virtuais. Houve até um tempo em que estas corridas se popularizaram de tal modo que os jogos de rali nasciam como cogumelos, oriundos de produtoras mais ou menos conceituadas. A retirada de alguns pilotos carismáticos como Sainz, Colin McRae, Richard Burns ou Tommi Makkinen despromoveu boa parte do interesse, mas nem por isso a Blackbean ficou sem margem para incrementar e puxar o valor a uma franquia quando segurou os comandos do WRC.

O que nos parece é que desde a época passada para WRC 2 pouco mudou. Excetuando o modo principal - The Road to WRC - com ajustes que conferem mais alguma profundidade à carreira, assim como a inclusão de novas categorias de automóveis, estamos perante um jogo que se aproxima em larga medida do que vimos no ano passado. E nem na jogabilidade ou grafismo se encontram grandes diferenças.

Em termos de apresentação e quadro inicial, ficámos com a sensação que o jogo prometia. Com uma música de fundo "lounge" e perspetivas em 3D de máquinas recentes e mais antigas do campeonato do mundo de rali em alta definição, será que este ano teríamos o salto? Infelizmente as metas perspetivadas ficam algo distantes de se materializar. Desde logo o quadro de opções é bastante similar e logo que arriscamos uma entrada em pista sentimos que a matéria é igual.

Para lá do "Road to WRC" que representa o modo com maiores alterações e que terá sido o principal alvo de preocupação da Blackbean para a sequela, o jogo é composto por outros modos já conhecidos; WRC Rally School, Single Player, Hot Seat e multiplayer. Existem algumas alterações subtis, principalmente no reforço dos dezasseis pilotos que podem participar em simultâneo nas classificativas (através de carros fantasma). Além disso há mais novidades como o botão com função "rewind", ideal para apagar alguns erros de condução por distração ou imprevisibilidade da deslocação do automóvel. Aqui poderão definir o número de vezes que podem ativar o efeito "rewind" e acionar o tempo dedicado a fazer marcha atrás.

Depois, o quadro de opções de afinação do veículo está organizado num único bloco de informações, o que é útil para efetuar alguns ajustes de forma manual sem necessidade de percorrer vários menus e ativar quadros de confirmação que fariam dessa uma tarefa morosa. Em alternativa sempre poderão selecionar algumas variantes de afinações predefinidas pelo computador tendo em conta a variedade de elementos no piso como gravilha, terra e lama.

No que respeita aos sempre apreciados troços, também neste ponto a margem para progressão foi escassa. Excetuando a inclusão das super especiais noutros ralis como Alemanha ou México e a melhoria do percurso concebido dentro do Estádio de Faro, estamos perante as mesmas pistas do ano passado e que normalmente se repartem por 4 ou 5 por cada país. Foi adicionado algum público nas zonas afetas à observação da prova, mas de um modo geral entre uma imagem da época passada e da atual a evolução é demasiado escassa. Podem sempre tirar umas fotografias quando passa a repetição, mas isto é mais uma opção cosmética do que de fundo.

Além disso tons demasiado amarelados ou escuros tendem a predominar em certos ralis, anulando o colorido contrastante e vivo que seria bem mais entusiasmante. No ano passado, por exemplo, o rali de Portugal mostrou-se limpo, amplo em cores, o que lhe conferiu um aspeto arejado e realista. Este ano está demasiado amarelado, o mesmo sucedendo nos ralis da Jordânia ou México, por exemplo. No rali da Catalunha ou de França imperam tons escuros, o que faz dessas especiais, sequências algo austeras que ficam muito aquém do que outros jogos ligados ao desporto automóvel são capazes de atingir nesta altura.