WRC
Audácia de campeão!
2010 marca a despedida das grandes viaturas que integram o campeonato do WRC. O que significa o fim das viaturas com as características específicas que sucederam às antigas viaturas do grupo A no final dos anos noventa. A Ford e a Citroen constituem as equipas oficiais indefectíveis e com o Ford Focus e Citroen C4 com reforma apontada para o final deste ano, a próxima temporada, terá, por seu turno, mais equipas oficiais a disputar a categoria máxima, o que deixará a competição mais acesa e com a firme promessa de lutas mais interessantes pelos campeonatos, pois desde há vários anos que Sebastien Loeb tem feito do Citroen C4 a arma perfeita para garantir sucessivos recordes mundiais, quer em vitórias por prova, quer em títulos.
Alguns apontarão que a ausência de rivais de peso terá facilitado a tarefa ao piloto gaulês. No entanto, ele foi sempre capaz de impor um ritmo avassalador, nunca dando a mínima chance aos adversários que se atrasavam após alguns acidentes quando arriscavam, precisamente, passá-lo.
No que nos cabe, Portugal voltou a entrar na rota do WRC há alguns anos. A 8 de Março de 2001 e numa prova pontuada por chuvas torrenciais a prova disputou-se pela última vez na região norte e centro, tendo centros nevrálgicos como Fafe, Ponte de Lima e Arganil. Durante alguns anos e tal como sucedeu com a F1, temeu-se que a FIA não mais incluiria Portugal no roteiro da competição. A situação só viria a ser alterada anos depois, após cuidadas inspecções levadas a cabo pelo organismo na zona sul do país. Alguns apontam a região algarvia como menos empolgante e distante da nostalgia dos míticos saltos em Fafe ou da zona centro. O ponto de partida tem agora lugar na super especial do estádio Faro Loulé, o novo centro dinamizador.
Não se perderam secções rápidas e especiais com muita gravilha e terra para amparar alguns deslizes menos bem medidos. Claro que excessos dificilmente são tolerados – Ken Block que o diga quando capotou este ano -, mas há sempre algo de fascinante no nosso rali quando se tem largura de estrada suficiente para fabricar altos momentos de pura velocidade. Não é por acaso que a nossa prova continua referenciada junto dos adeptos da modalidade e até das entidades que regulam o desporto como uma das mais fascinantes de se acompanhar.
Outro motivo de orgulho, para nós portugueses, tem sido patrocinado pela presença de Armindo Araújo no campeonato do P-WRC, a prova onde competem veículos de produção. Com outras características, estes veículos assemelham-se mais aos carros do dia-a-dia e formam um particular atractivo. O piloto natural de Santo Tirso arrecadou o ceptro no ano passado com o Mitsubishi Lancer, preparado pela Ralliart Itália, e está, nesta altura, em boa posição para se tornar bi-campeão muito em breve, o que é uma aposta ganha para o nosso piloto e, por isso, se perspectivam voos ainda mais altos para 2011.
Neste jogo irão encontrar tudo isto que acabamos de descrever. WRC é o jogo oficial da competição e pretende retomar a chama oficial do campeonato do mundo. Pela primeira vez, na nova geração.
É um jogo dilatado em números; 18 carros, 58 pilotos e respectivos penduras, 13 ralis e 78 provas especiais. Tudo oficial conforme licença. WRC é um jogo gordo, consistente, muito por força das opções em presença que garantem uma longevidade bastante satisfatória.
As provas, espalhadas pelo planeta, abarcam claramente as características dos lugares por onde passa a caravana, com etapas geralmente bem desenhadas, com um mínimo de elementos, embora aqui seja visível uma falta de abundância ou regalo à vista. Falta qualquer coisa que fascine no grafismo, isto em termos de ambiente e representação. Apesar dessa limitação, impressiona sobretudo pela forma como o desenho da especial muda significativamente à medida que a percorremos. Fica mais distante aquela sensação recolhida noutras ocasiões em que em cada especial se andava em círculo e que só mudava a inclinação e descrição das curvas.
Por outro lado é bom encontrar 78 especiais, mas algumas acabam repetidas pelas segundas passagens que implicam uma inversão do percurso e, noutras especiais, o que cai menos bem é o aproveitamento de metade de outra especial para se fazer uma parte nova a partir de um cruzamento. É algo repetitivo e ainda que haja uma tendência para modificar as características da especial à medida que progridem acaba por ser como uma "pescadinha de rabo na boca". 6 especiais por rali seria um número suficiente se cada especial oferecesse um percurso distinto, evitando as segundas passagens e aproveitamento de metades.
Outra limitação é bem visível no rali da Catalunha. Os produtores optaram por estabelecer um ambiente em termos de horário e climatérico para cada rali pelo que as condições de horário e climatéricas mantêm-se ao longo das especiais. Ora, no caso do rali espanhol, levaram por diante a ideia de desenhar especiais para disputar ao crepúsculo, sem que tenham colocado iluminação artificial nos automóveis. Com passagens apertadas em secções fechadas por árvores e escuras, em muitas situações, é quase impossível reconhecer a estrada, levando a uma redução da velocidade e perda de tempo para os adversários se não quisermos ter um encontro imediato com algum obstáculo